Ecogenia: a casa, o lar com suas relacoes familiares; enfim, o habitat humano onde se desenrolam os principais processos vitais: a alimentacao do grupo que garante a preservacao individual e a reproducao para continuidade e propagacao da raca humana.
Ecogenia marxista, na discussao instigante do autor, refere-se a esse lar como centro economico e social onde antes, durante e apos a primeira revolucao industrial se formou e preparou a "raca dos trabalhadores" (Karl Marx) para o mercado de trabalho, tendo como centro a mulher, no papel de mae, cuidando e educando o filho ate a idade adulta quando, entao, sua mercadoria - expressa como forca de trabalho - lhe seria arrebatada pela industria florescente.
E todo o trabalho da mae; economico, como mae provedora; psicologico e pedagogico, nos cuidados sentimentais e afetivos com a prole; e ate terapeutico, no tratamento das doencas e na manutencao da saude do grupo jamais foi reconhecido socialmente, e ate hoje nao foi pago.
Uma vez completado o ciclo de producao da mao de obra, os filhos eram arrebatados de seus lares para trabalhar nas fabricas sem qualquer indenizacao para as maes. Hoje, ao contrario, a forca de trabalho torna-se cada vez mais desnecessaria a producao. A tecnologia - trabalho morto reificado em maquinas - substitui o trabalhador e eleva a produtividade a niveis jamais sonhados.
Todavia, o mecanismo de reproducao anteriormente estabelecido, de reposicao, geracao apos geracao, da raca dos trabalhadores, atraves da reproducao genetica, ou genital, em grego moderno, mantem-se inalterado: as maes continuam a cultivar suas proles, as quais se encarrega de transmitir a sua lingua, a sua cultura material, seus costumes, carater e as relacoes sociais do grupo.
Mas, agora, no seculo XXI, seu produto nao parece mais importante no mercado. Seu filho sera mais importante para a Economia como "consumidor", em funcao do tempo livre que dispuser, sugere o autor! E, novamente, a mae esta no centro dessa transformacao. Nao foi sempre ela, no centro da familia, a grande consumidora? Desde os mantimentos e demais apetrechos para os cuidados da casa, higiene e saude da familia ate os artigos de beleza ditados pela moda feminina? Ela sempre esteve no centro desse movimento consumista e parece, por isto, historicamente mais preparada que o homem para liderar essa nova revolucao economica.
Neste ensaio breve e erudito, rico de informacoes historicas e economicas, fielmente baseadas numa sintese do pensamento marxista, o economista e professor Joubert Di Mauro busca, dentro das categorias economicas, e parece encontrar, atraves do exercicio de uma "nova imaginacao social", um lugar seguro para a mulher; um reencontro da mae com seus filhos - agora desprezados pelo capitalismo - enfim; um novo papel para a classe dos trabalhadores, nesta era de abundancia tecnologica e economia global.
Os antigos e estreitos conceitos da Economia - forjados na era da escassez - ja nao se prestam para encontrar a solucao desse problema, expresso basicamente pelo desemprego! So a imaginacao social aplicada podera resolver esta aparente contradicao e encontrar uma solucao criativa. "dentro da perspectiva de um capitalismo a longo prazo cientifico e racional", como diz o autor.
Ecogenia marxista e uma critica historica e apaixonada do capitalismo . O reconhecimento do "pecado original" e do trauma de nascimento do capitalismo, quando arrebatou as maes seus filhos, alienando-as do fruto do seu trabalho de amor, fato que permitiu o crescimento fantastico, em escala mundial, da Economia nos ultimos duzentos anos, e a criacao da moderna tecnosfera, "habitat" maior em que vivemos.
Instituto da Solidariedade Mundial
Gunter Drowsky
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