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tessá mossu


VERBOS

Em Tupi o verbo se conjuga com partículas que vêm antes dele e não como no português, por mudanças nas terminações. Um exemplo clássico do modo indicativo:

Em português:
eu mat - o
tu mat - as
ele mat - a
nós mat - amos
vós mat - ais
eles mat - am

Em tupi
xe a - jucá
nde re - jucá
i o - jucá
ore ore - jucá
pe pe - jucá
i o - jucá
na segunda pessoa do singular usa-se também ere
na primeira do plural usa-se também oro
usa-se também jandé, ou yané, também na primeira do plural, quando queremos indicar "nós todos".
usa-se também pee(~). til sôbre o e final, na segunda do plural.
Com tais partículas precedentes conjugamos os verbos dispensando-se até os pronomes pessoais.



PYASSABA



Não existem verbos auxiliares na língua tupi. Os verbos, aicó ou icó, que significa ser, estar e recô que significa ter,possuir, são empregados sem obrigatoriedade, porque quando no tupi se diz: xe catu, ou seja, eu bom, está implícito o eu sou bom. Icó e recô são evidentemente usados como auxiliares quando o sentido de uma frase dúbia assim o exigir.

Em geral a voz do verbo é sempre a mesma para expressar, presente, pretérito, mais que perfeito... mas, dependendo do sentido da frase,
ajucá pode ser: eu mato, eu matava, eu matei, matara ou eu tinha morto
ojucá pode ser: ele mata, ele matava...etc. e também eles matam, eles matavam...etc.
orejucá : matamos, matávamos etc.
Para firmar o sentido da frase, porém, quanto ao tempo do verbo e em não se sabendo o contexto da frase, empregam-se partículas e até advérbios esclarecedores.

Exemplos de outros tempos verbais:
Passado: ajucá umã=eu matei, acaruramó=eu comi (usa-se também, coiré)
Condicional: ajucá mo=eu mataria, acarumo=eu comeria
Futuro: ajucá ne=eu matarei, acarune=eu comerei (usa-se também,rama,reme,mirã)
Gerúndio: jucá bo=matando, carubo=comendo
Imperativo: ejucá =mate, ecaru=come
Para conjugar os verbos na forma negativa, basicamente, coloca-se a partícula negativa nda, que toma, também, as formas - nd`,na, n` - por eufonia e o sufixo átono i no final do verbo.
Ex." nd`ajucá i=não mato


CUNHÃTAIN(~) ETÁ


Para fins de exercício convém desenvolver os exemplos acima. Isto é importante porque o capítulo mais difícil da gramática e da própria índole da língua tupi é o que trata dos verbos, tantas são as regras, terminações, partículas, além de advérbios e outras variadas formas de construção verbal, citadas pelos primeiros autores, que é mesmo difícil aplicá-las com segurança.

Os autores mais modernos, pior ainda, quizeram arrolar tantas variações sutis de formas verbais que criaram mais dificuldade ainda.
Entretanto não vale desanimar, com a prática, no construir de frases e no traduzir, a gente acaba percebendo que, por exemplo: ndacaru-ramói significa que ainda não comí, que acaru-rama, significa que eu hei de comer e caru-mirã é comerei depois, ou futuramente.

Sem muita regra, no ouvido, a gente acaba percebendo que deve ser assim mesmo. Talvez um certo sentido onomatopéico que funciona, independentemente de se estudar com meticulosidade todas as regrinhas, excessões e irregularidades dos verbos.
No português igualmente é assim, além do que dificilmente empregamos também formas mais sutis, como por exemplo, o vós, segunda pessoa do plural, embora o estudemos na gramática.

Voltaremos ao assunto , apresentando exceções e outras construções menos usuais em outra parte de nosso curso.

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